terça-feira, 24 de abril de 2012

Estilística


De acordo com Pasquale e Ulisses, a Estilística estuda a utilização da linguagem como meio de exteriorização de dados emotivos e estéticos. Seu objeto de estudo são os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve mais do que simplesmente informar - interessam principalmente as possibilidades de sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras e da sua organização.
A publicidade recorre frequentemente a esse tipo de manipulação, às vezes com pouquíssimas palavras.


RECURSOS FONOLÓGICOS
Os sons da língua podem ser organizados de forma a transmitir sugestões e conteúdos intuitivos. Podem ser apresentados em 3 formas:

Aliteração: repetição de uma mesma consoante numa sequência linguística, como ocorre com /v/ e /l/ no trecho seguinte:
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas vãs vulcanizadas."
(Cruz e Sousa)

Assonância: Repetição de uma mesma vogal numa sequência linguística. É o que ocorre com /ã/ e /õ/ em:
"E bamboleando em ronda
dançam bandos tontos e bambos
de pirilampos"
(Guilherme de Almeida)

OnomatopeiaTentativa de reproduzir linguisticamente sons e ruídos do mundo natural.
"Blem... blem...blem... cantam os chocalhos
dos tristes bodes patriarcais
E os guizos finos das ovelhinhas ternas
dlin... dlin... dlin..."
(Ascenso Ferreira)


RECURSOS MORFOLÓGICOS
Os casos mais comuns de exploração expressiva de recursos morfológicos estão relacionados com o uso de determinados sufixos. É muito frequente o emprego dos sufixos aumentativos e diminutivos para exprimir conteúdos afetivos nem sempre relacionados com  a dimensão física dos seres.
É o caso de palavras como mulherão ou coitadinho, que fazem referência, respectivamente, à beleza e às características psicológicas dos seres designados.


RECURSOS SEMÂNTICOS
É a exploração dos significados das palavras.

Metáfora: ocorre quando uma palavra passa a designar alguma coisa com a qual não mantém nenhuma relação objetiva.
Senti a seda do seu rosto em meus dedos. (Seda é uma metáfora que indica que a pele é tão agradável ao tato quanto a seda). 

Metonímia: Ocorre quando uma palavra é utilizada para designar algo com a qual mantém uma relação de posse ou proximidade.
Meus olhos estão tristes porque você decidiu partir. (Olhos indica uma parte do ser humano que está sendo usada para designar o ser humano completo)

Antítese: Aproximação de antônimos.
"Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido sou herói."
(Caetano Veloso)

Eufemismo: Atenuamento intencional da expressão em certas situações.
Falta-lhe inteligência para compreender isso.

Hipérbole: Exagero intencional da expressão.
Faria isso mil vezes se fosse preciso.

Ironia: Utilizar palavras que devem ser compreendidas no sentido oposto do que aparentam transmitir. Um poderoso instrumento para o sarcasmo.
Muito competente aquele candidato! Construiu viadutos que ligam nenhum lugar a lugar algum.

Gradação: Encadear palavras cujos significados têm efeito cumulativo.
Os grandes projetos de colonização resultaram em pilhas de papéis velhos, restos de obras inacabadas, hectares de floresta devastada, milhares de famílias abandonadas à própria sorte.

Prosopopeia ou Personificação: Atribuir características de seres animados a seres inanimados. Ou características humanas a seres não-humanos.
A floresta gesticulava nervosamente diante do fogo que a devorava.


Há ainda mais um recurso estilístico, que é o recurso sintático, mas que não tratarei dele aqui. Porém, fica registrado sua existência.

FONTE: Gramática da Língua Portuguesa, Pasquale & Ulisses.

Curta nossa página no facebook: https://www.facebook.com/miscelaneaconcursos 


8 comentários:

  1. Muito bom. Obrigado por compartilhar

    ResponderExcluir
  2. Assunto que tem caído bastante em provas atualmente.
    Abraço,
    Ricardo Erse

    ResponderExcluir
  3. Grande Ricardo!!!

    Está no edital da Petrobrás e não tinha nem ideia do que se tratava, mas quando pesquisei vi que era algo já conhecido. Realmente tem sido recorrente em provas!

    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Muito bom esse resumo. Será de grande utilidade para o dia 06/05.
    Parabéns.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com certeza será muito útil, Eduardo! Aliás, esta foi a intenção inicial deste bizu.
      Que ótimo que gostou do resumo. Esta gramática do Pasquale & Ulisses é muito boa!
      Boa prova prá gente!

      Abraços!

      Excluir
  5. Desculpe Cláudia, maravilhoso seu post!

    Estive procurando esse assunto, mas até então não encontrei nada tão bem organizado!

    ResponderExcluir
  6. Matheus, este post eu fiz a partir da gramática do Pasquale e Ulisses. E tentei passar para cá de uma forma ainda mais simplificada para nos ajudar nos estudos. Nesta reta final a gente precisa, né?

    Bons estudos!

    ResponderExcluir